A mulher no setor do café no Brasil

Assim como em qualquer outro mercado, a mulher no setor do café enfrenta algumas dificuldades. Dentre elas, pode-se citar a falta de reconhecimento e oportunidades. Ainda hoje, simpósios, conferências e seminários sobre o café são liderados por profissionais masculinos. A situação complica ainda mais em relação a cooperativas e sindicatos rurais, ambientes marcados pela imposição masculina.


Com o intuito de receberem mais visibilidade e se fortalecerem neste universo, mulheres de 27 países se unem na International Women’s Coffee Alliance (IWCA), em tradução literal, Aliança Internacional das Mulheres do Café. A organização tem como base o voluntariado e se volta ao empoderamento feminino em comunidades locais e, também, no sistema do agronegócio do café.

IWCA e o reflexo na mulher no setor do café brasileiro


Entre as ações apoiadas pela IWCA aqui no Brasil temos o Projeto Consolida, criado pela torrefadora  Fabiola Jungles. Todo mês, uma produtora é escolhida, uma saca de seu café adquirida, torrada e embalada. Quem adquire o produto, conhece a história da mulher por trás do café e recebe, também, uma arte exclusiva. No momento, o projeto está em pausa.


Mais um programa com o fomento da IWCA que apoia a mulher no setor do café é liderado pela EMATER (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural), agência de extensão pública que disponibiliza assistência técnica às regiões rurais. O enfoque é nas mulheres do Norte Pioneiro do Paraná, envolvendo-nas em atividades de treinamento e promovendo suas organizações produtivas, além de contribuir para suas rendas familiares, aumentar a participação feminina na gestão de propriedades, reduzir as desigualdades de gênero entre as famílias produtoras de café, e melhorar as práticas de extensão rural.


Saiba mais sobre esses projetos aqui

Quem são as mulheres na cadeia produtiva do café?


Em parceria com a IWCA, a doutoranda Fernanda Dornela foca sua pesquisa na IWCA Mantiqueira, um setor da organização no Brasil, que se localiza em São Gonçalo do Sapucaí (SP). De acordo com dados iniciais da pesquisa, a maioria das participantes tem entre 31 a 40 anos, é branca, com ensino médio completo, tem como principal atividade econômica apenas o cultivo do café, possui  renda mensal entre dois e cinco salários mínimos, é casada e com filhos. Participam da rede IWCA Mantiqueira em busca do reconhecimento, da visibilidade e da valorização do trabalho delas com o café. 


Outra pesquisa, essa de 2018, faz um perfil da mulher na cadeia do café em Minas Gerais, mais especificamente no município de Bom Sucesso. Os resultados mostram que as funcionárias da cooperativa são as mulheres mais jovens, com  idade entre 26 a 35 anos entre os diferentes setores da cadeia produtiva do café de Bom Sucesso. O segmento das trabalhadoras rurais, entre 36 a 45 anos, e as cafeicultoras, entre 46 a 59 anos, sendo que a maioria das entrevistadas são pardas e realizam dupla jornada.


De acordo com o livro “Mulheres dos Cafés no Brasil”, a mulher na cadeia do café no Brasil está dentro da faixa etária de 26 a 59 anos, sendo que a maior concentração se dá entre 26 e 35 anos. O rendimento mensal é de dois a cinco salários mínimos ou mais, e há, na suas famílias, geralmente, entre uma e duas pessoas envolvidas na cafeicultura. Essas mulheres se autodeclaram majoritariamente de cor branca sendo principalmente produtoras e proprietários ou trabalhadoras nas áreas de ensino pesquisa e extensão e de mercado e comércio de café.


As regiões Sul de Minas Mantiqueira, Matas de Minas e Cerrado Mineiro em Minas Gerais foram as que participaram respondendo os questionários da pesquisa. Por lá, a atuação na produção do café lidera, seguida pela atuação do ensino pesquisa e extensão no mercado de comércios em cafés. 

Desafios e oportunidades para a mulher na cadeia do café


Como ganha menos e muitas vezes ainda é vista como ajudante, a mulher na cadeia do café já começa com dificuldades na aquisição das máquinas amplamente utilizadas para a colheita. Por isso, se destaca no segmento de cafés especiais, que valoriza a colheita manual e seletiva e processos orgânicos de cultivo do café. Ainda mais, é responsável pela implantação e pela qualidade do grão especial no país.


As cooperativas também são ambientes complicados, pois há a necessidade de se negociar com produtores homens que muitas vezes não as oferecem o devido crédito.  Porém, mulheres com formação e nível superior já encontram mais brechas e oportunidades.


Hoje, uma das áreas que facilitam a entrada da mulher na cadeia do café é o barismo. Já muito focado no segmento de cafés especiais, essa profissão oferece possibilidades de crescimento profissional dentro e fora do país, especialmente em grandes polos gastronômicos.


Outra possibilidade é empreender na área abrindo sua própria cafeteria ou negócio gastronômico que envolva café. As mulheres já representam metade do empreendedorismo no Brasil em relação às Microempreendedoras Individuais (48% segundo Relatório Especial de Empreendedorismo Feminino no Brasil feito pelo Sebrae).


Assim é o caso da Argenta Cafés, que nasceu do sonho da empresária Ana Argenta, há 15 anos. A vontade de ensinar tudo sobre cafés especiais a moveu a criar o primeiro Coffee Studio do Brasil e a formular cursos para empreendedores, baristas e coffee lovers.



Tem interesse em ingressar na cadeia do café? Aqui na Argenta Cafés oferecemos Curso de Barista e Consultoria para o seu negócio sair do 0 ao 100. Entre em contato pelo WhatsApp (41) 99522-2472.



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