Café especial do Brasil: história, produção e destaques

Café é quase um sinônimo de Brasil, mas, apesar da economia do país ter se baseado no cultivo do grão por muitos anos e hoje ser um dos maiores produtores globais, não foi aqui que o café se originou. Ao pensar em café especial então, isso é coisa nova por aqui. Foi somente na virada dos anos 2000 que o país começou a produzir e a consumir o suprassumo do café.


Em 2020 o volume de produção de cafés no Brasil, somando as espécies arábica e conilon, foi em torno de 61,62 milhões de sacas de 60kg. Segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a cafeicultura brasileira tem o reconhecimento de ser uma das mais exigentes do mundo, quando falamos das questões sociais e ambientais. Isso significa que existe o cuidado para garantir a produção de um café sustentável. Existem rígidas legislações trabalhistas e ambientais para essa atividade no Brasil.

História do Café Especial do Brasil

Segundo recente pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal de Lavras (UFLA) foram os concursos de qualidade do café que abriram portas para o desenvolvimento do café especial do Brasil.


A pesquisa aponta o Cup of Excellence (COE), um dos diversos concursos anuais de café especial no país, que é organizado pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e a Alliance for Coffee Excellence (ACE). 


Desde 1999 acontecendo anualmente, foi a partir da criação de concursos como o COE, que começou a construção de um padrão de qualidade para os cafés especiais. E são justamente os critérios de seleção, produção e beneficiamento que fazem um café ser um café especial do Brasil. Até a década de 1990 o país tinha uma imagem negativa de produtor de café de baixa qualidade.


Hoje o Brasil é um dos principais fornecedores de cafés de qualidade do mundo, com produtores especializados e produtos exclusivos para compradores extremamente exigentes. Segundo a pesquisa, foi por meio da construção de um padrão de qualidade que norteiam a análise das amostras em concursos, que foi moldada a noção de café especial do Brasil.


Saiba mais sobre a história do café no país

Produção do Café Especial do Brasil


Tudo começa com o plantio, após as sementes serem criteriosamente selecionadas e mantidas em viveiros especiais até estarem no momento de serem plantadas. As duas espécies principais cultivadas são Arábica e Canephora (também conhecido como Robusta).




Ao passo em que a Arábica é cultivada em climas amenos (entre 18º a 22ºC) e uma altitude de 800 a 1.400 metros, a Canephora tem melhores resultados em regiões de temperaturas médias (22º a 26ºC). Para a primeira, o plantio acontece ao longo dos meses mais chuvosos, de outubro e março. Para a segunda, de março a dezembro.


O solo frequentemente passa por uma correção para que possa prover os nutrientes necessários para uma produção que origine grãos de café de qualidade.


De setembro a novembro ocorre a florada, que inunda a plantação de café de flores brancas e um perfume delicioso. Depois de fecundadas, as flores originam o café.


Na sequência, vem a fase da colheita, que ocorre de maio a agosto. No Brasil, os três tipos de coleta mais comuns são: derriça, manual e colheita mecanizada de café. No primeiro modelo, são colocados plásticos embaixo das plantas para coletar o café. A manual passa por uma seleção para que somente os grãos maduros sejam apanhados. Por fim, a mecanizada acaba coletando todos os grãos que depois passam por uma triagem para serem ou não utilizados de acordo com seu estágio de amadurecimento.



A quarta etapa é a separação do café especial do Brasil. O grão é lavado e separado de galhos, folhas, pedras e terra. Então, é colocado em água, aqueles que boiam, estão maduros; já os que afundam, ainda estão verdes.


Em seguida, acontece o processamento.  Existem dezenas de formas de processamento do café. Esses processamentos são divididos em duas categorias principais: via seca e via úmida. Os mais conhecidos são: natural, cereja descascado e honey (via seca), e lavado e lavado fermentado (via úmida).


A secagem é feita tanto em terreiros, que levam até três dias para atingir o resultado ideal, como em máquinas. Então, o café segue para as tulhas, onde pode ficar até 3 meses descansando, a fim de ressaltar suas qualidades naturais.


Depois, é armazenado em sacas de 60 kg, que podem ser de juta (fibra têxtil vegetal) ou grainpro (polietileno, hermeticamente fechado). As sacas devem ser guardadas em ambientes com temperatura controlada, longe do calor, umidade, luz e nunca em contato direto com o chão.



Depois de tudo isso, os grãos são classificados de acordo com seus defeitos e qualidades. Os cafés são provados através da técnica de cupping, os quais são avaliados e pontuados. Todos os cafés que receberem pontuação 80+ são categorizados como especiais.

Regiões produtoras do Café Especial do Brasil

Minas Gerais -  é a autora de cerca de 50% da produção nacional e é uma das principais fontes de cafés especiais do país. Quase 100% das plantações são de café Arábica, cultivado em quatro regiões produtoras: Sul de Minas, Cerrado de Minas, Chapada de Minas e Matas de Minas.


Espírito Santo - é o segundo maior estado produtor de café do país e o principal produtor de Canephora, entretanto destaca-se por regiões produtoras de cafés de alta qualidade, o que já rendeu algumas premiações aos produtores como é o caso do Coffee of the Year, importante concurso de cafés especiais no país.


São Paulo - produção exclusiva de Arábica, nas regiões Mogiana e Centro-Oeste Paulista, que alternam fazendas com pequenas propriedades e produzem cafés especiais em áreas específicas. 


Bahia - tem duas regiões produtoras de café: Planalto da Bahia e Cerrado da Bahia, onde se cultiva Arábica.  A região da Chapada Diamantina é importante produtora de cafés especiais e o município de Piatã que já foi campeão no Cup of Excellence 


Paraná - apenas produção de café Arábica, de variedades adequadas ao clima mais frio da região. Tem se destacado pela produção de cafés especiais do Norte Pioneiro, a qual já conquistou a certificação I.G.P. (Indicação Geográfica de Procedência), que  garante a origem, os processos de produção e algumas características sensoriais dos cafés do Norte Pioneiro.

Destaque do Café Especial do Brasil


O destaque fica para a produção de café orgânico no país, que além de não prejudicar o meio ambiente torna o café ainda mais saboroso. 


O café orgânico segue uma série de padrões rigorosos para que sua produção seja mais responsável. Além disso, protege a saúde do consumidor, e oferece qualidade de vida ao pequeno produtor.


O café orgânico da Argenta Cafés é da variedade Arara, resultado de um trabalho de pesquisa desenvolvido na Fundação Procafé, pelo Dr. José Braz Matiello, uma das maiores referências em pesquisas de café do mundo.


Saiba mais sobre café orgânico no Brasil


É uma variedade resistente às principais doenças do cafeeiro, ideal para o plantio orgânico. Além da qualidade dos seus frutos e grãos, é uma planta de porte baixo que beneficia a colheita manual. Esse tipo de colheita vai de encontro com o que acreditamos, pois nos preocupamos com todo o processo do café que oferecemos aos nossos clientes, desde a muda que fica no viveiro, até o momento do preparo no nosso Coffee Studio em Curitiba (PR).


Cultivado a 1.300 m de altitude, no Sul de Minas, nosso café conta com notas sensoriais de mel e flor de laranjeira. Ficou interessado? Entre em contato conosco pelo WhatsApp: (41)99522-2472 e peça o seu!


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